Eu caminhei por 10 dias, iniciando por Astorga, no caminho francês. Eu tinha me planejado a fazer 26km em média/dia, mas o Caminho me ensinou que mais importante que chegar, é viver o Caminho a cada momento, “se entregando” à aventura. Fui sozinha e descobri que para ficar realmente sozinha é bem difícil… que bom!
Vivi momentos marcantes no Albergue do Jesus Jato, no Albergue brasileiro em Vega de Valcarce, no Cebreiro, em Triacastela, em Santiago, e claro, durante toda a caminhada. Jesus Jato já é um personagem famoso do Caminho e é importante destacar o carinho com que somos recebidos por eles. O jantar coletivo foi inesquecível, uma torre de babel com a melhor paella da minha vida!!! O albergue brasileiro é outro lugar imperdível. O carinho e atenção da Xênia e do Bráulio, o jantar brasileiro e a atmosfera de LAR, são especiais!!! Isso sem citar que vivem de doações… eu nunca tinha visto nada parecido. Vega de Valcarce é singular, com riozinho, com castelo em ruinas, restaurantes simpáticos… amei tudo. Ótima parada para a preparação da subida do Cebreiro.
O Cebreiro parece cenário de filme… talvez do Harry Potter!! Parece piada, mas tem uma lógica… uma lógica celta. Os cenários do Harry Potter são inspirados na Escócia, Edimburgo, que tem influência Celta. O Cebreiro também. As casas, aquela névoa no começo e final do dia… é fantástico, mágico. Comi as melhores costeletas da viagem!!!
Em Triacastela tive “tipo uma epifania kkkkkkkk”. Tinha chegado na metade do meu caminho, e apesar de estar com meus tendões de Aquiles inflamados e doendo, de ter dormido em albergues com 50 pessoas roncando num quarto, das milhares de subidas e descidas, da descoberta que descida é pior que subida…. que eu estava AMANDO tudo. Quando cheguei no albergue com minhas amigas brasileiras, eu comecei a falar o que eu tinha acabado de constatar: “Eu amo esse caminho, eu amo os albergues, amo Menu Peregrino, amo os peregrinos, amo lavar minha roupa, amo jantares coletivos, amo as pessoas, amo, amo… A moça séria que nos recebeu no albergue teve um ataque de riso com minha “declaração universal de amor”. A partir de Triacastela precisei tomar ônibus para me poupar e chegar na data marcada em Santiago. Assim, cheguei em Santiago no dia 5/10 (no dia da mi nha reserva no Parador dos Reis Católicos em frente a catedral, um luxo que eu adorei). Caminhei 200km, ou 20km/dia, e entendi que esse é o máximo que consigo. O ideal é que seja até menos por dia, para não forçar demais os tendões e realmente aproveitar o caminho.
Eu poderia continuar contando um monte de coisas, mas acho que sintetizei os eventos de caráter mais prático que me marcaram. Acho que acrescentaria a importância de ressaltar como o Caminho é seguro. Eu havia decidido ir sozinha, mas fiquei com um “medinho”. Eu gostaria de ter lido em algum lugar que o “Caminho é muito seguro e que uma mulher sozinha pode fazê-lo sem receio”. No trecho que fiz, na época que fiz, eu também diria que não é necessário fazer reservas. Mas acho que bem é pessoal e eu precisava praticar “acreditar no Universo”. Quando parei de me preocupar, os lugares, reservas… simplesmente apareciam. Claro, se você quer ficar num hotel X ou um Parador, melhor reservar.
Minha experiência foi muito breve em todos os sentidos, inclusive breve com vocês. Eu não tenho nenhuma sugestão específica. Vocês foram super rápidos e solícitos quando escrevi, e me mandaram tudo o que eu precisava. Muito provavelmente vocês tem uma série de serviços que eu nem descobri. Talvez uma lista dos albergues no site, bem friendly para ser consultada, com uma classificação de serviços, uma breve descrição dos “atrativos”, foto, talvez fosse legal. Vocês mandaram uma, tem sites que tem algo assim… não sei se isso é necessário ou tão diferente.
Enfim, obrigada por me ajudar a fazer uma das melhores viagens da minha vida!!!
Um grande abraço, Telma